Da conhecida parábola do Semeador, Mateus 13.4-9, onde resolveu um dia realizar uma plantação, conseguimos abstrair uma boa aprendizagem. E então, logo depois de ter concluído o seu planejamento, o professor decidiu iniciar a disseminação das sementes pelo campo, quando elas foram recebidas em locais diferentes, e algumas situações aconteceram.
‘’Uma parte delas caiu à beira do caminho e os pássaros vieram e as comeram’’: o professor atirou as sementes-aluno em um ambiente aberto, no mundo, na livre movimentação de pessoas e ocorrência de muitas situações. Naquele ambiente, elas, e pela própria infantilidade e em plena luz do dia, foram cooptadas e arrebatadas para desejos que não eram do semeador. Tempo perdido.
‘’Outra caiu no meio de pedras, e onde havia pouca terra, brotaram depressa, mas quando o sol apareceu, elas secaram, já que não tinham raízes’’: o professor, lançando a semente, se descuidou dela, deixando-a sozinha a ultrapassar os pesados desafios na dura realidade onde se encontrava: uma rala terra por sobre pedras, e muita, muita sede. E como resultado, não houve outra possibilidade, senão quando as adversidades acabaram com o desejo de aprender da semente.
‘’Outra caiu no meio de espinhos, os quais cresceram e as sufocaram’’: o professor muito ensinou o aluno onde esteve, isto é fato. Contudo, porque deixou de avaliar se o que ensinava era realmente o que o broto da semente necessitava receber, tanto a preciosa luz assim como os necessários nutrientes (pois realmente isto não acontecia, pela erva daninha disputando à sua volta as condições existentes), o professor logo viu-a morta: não há como aprender assim, abandonado, sem apoio, isto sem contar a danada concorrência, especialmente nos dias de internet, oferecendo um encantador mundo de opções ao aluno.
‘’E a última delas caiu em terra boa e deu frutos’’.
– Mas, porque somente aí, deu bons resultados? perguntou o comprador, analisando a farta colheita, já que estava ao par dos problemas que haviam acontecido no transcorrer da semeadura.
– Porque consegui tapar as sementes: tinha muita terra por cima!
Não contente com a resposta, porque percebeu-a muito óbvia, e instigado a descobrir ‘’como’’ aconteceu aquele bom resultado, insistiu:
– Mas só terra? … Não tem um segredinho por ai?
Meio que não querendo entregar o ‘’ouro pro bandido’’, mas necessitando de dinheiro para pagar o empréstimo da compra das sementes, sabendo também que o comprador também dele precisava, já que sua esposa estava no hospital, prestes a dar à luz, e tinha de pagar o médico, se rendeu:
– Está bem. Vou te contar, mas preciso de silêncio, e não conta para ninguém! … tem uma fórmula que desenvolvi, e que testei por vários anos para desse certo … e acho que deu … A fórmula é ESFAUTT.
– ?!?!
– ESFAUTT! repetiu.
– Não entendi!
– ESFAUTT é aquela fórmula que eu disse antes … quer dizer, escuridão, silêncio, fechado e apertado, umidade, temperatura e tempo.
– Explica melhor!
O semeador-professor disse então:
– Para crescer, e para aprender, as luzes-distrações devem estar desligadas e bem afastadas da semente-aluno, quando o silêncio e a concentração imediatamente devem ser as praxes adotadas, sendo que, e para isso, o melhor é tê-la debaixo da terra! Ali, naquele ambiente afastado de outros assuntos, fechado de outras entradas e também bem apertadinho, é o melhor local. E quanto ao alimento que necessita nestes primeiros momentos de vida, é somente água, só água, e sorte que choveu no tempo certo! E porque debaixo da terra sempre tem aquela temperatura estável e adequada, nem quente nem frio, tê-la dentro dela é a melhor das condições. E esperando pacientemente crescer, deixando o tempo acontecer, tudo deu certo! Taí o segredo!
O comprador, enquanto escutando, no seu íntimo, então um entendimento estalou: ‘’A terra, útero da semente!’’ e pensou concluindo ‘’É, o semeador-professor sabe das coisas!’’, quando daí se lembrou de sua esposa, que o aguardava.
Luiz Pfluck – professor e diretor
Anônimo
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