Uma máxima inegável é a de que quanto mais pessoas envolvidas numa determinada causa, mais difícil será a obtenção de consenso e também de engajamento. Há uns 12 anos em um determinado bairro de Alvorada, onde se tentou trabalhar o princípio da coletividade, não se alcançou o sucesso. Isto ocorreu numa espécie de associação de moradores informal, porém, não de um bairro inteiro, mas de apenas uma única rua sem saída com um refúgio verde na frente das casas, o “matinho”, como carinhosamente era conhecido aquele espaço. Nesta época, existiam em torno de 15 casas na rua, ou seja, 15 famílias. Apesar do número de moradores (vamos considerar uma média de três moradores por casa: 15 x 3 = 45 pessoas), sempre quando era necessário executar alguma melhoria (exceto uma vez) somente duas ou três pessoas envolviam-se, todas as demais “nunca tinham tempo” para se dedicar às atividades que resultariam no bem estar de todos. Então, sempre quando se fazia necessário cortar a grama, plantar mudas ou recolher o lixo, no máximo três pessoas executavam o serviço, porém, infelizmente o número de pessoas que tanto descartavam lixo em via pública, como no espaço verde, sempre foi bem maior. Também maior era o número de pessoas que usufruíam a área após a manutenção realizada por estas pouquíssimas pessoas.
Os cuidados com a rua não beneficiavam apenas os moradores, pois o espaço verde existente, também servia como área de sobrevivência da flora e fauna locais, tratava-se de um “pequeníssimo resquício de Mata Atlântica” (como certa vez constatou um biólogo da prefeitura). Assim, os moradores tinham o privilégio de possuir como vizinhos também: saracuras, preás, tartarugas, gambás entre outros animais. Logo, o cuidado e a manutenção daquele ambiente beneficiava além das pessoas, também uma escassa natureza difícil de ainda existir num ambiente urbano.
Ao final, os poucos moradores que ainda contribuíam para o progresso do lugar, desanimaram-se: um vizinho se mudou e os outros dois recolheram-se às suas casas. Mas por que somos assim? Por que a sociedade brasileira possui este hábito egoísta de cuidar apenas do próprio umbigo? E isto independentemente da condição social das pessoas, pois, tanto ricos quanto pobres se assemelham neste aspecto. Por que não conseguimos construir o bom senso coletivo como vemos em cidades de colonização alemã e italiana no nosso estado como: Gramado, Canela, Nova Petrópolis, Flores da Cunha, Bento Gonçalves, Garibaldi, entre outras? Se de fato o brasileiro de um modo geral não possui aptidão para isto, não seria o espírito coletivo uma habilidade a ser aprendida?
Certa vez abordando em sala de aula o Japão, este esplêndido país, constatou-se a existência de uma profícua parceria entre os trabalhadores e os donos das empresas de lá, para que todos possam assim sempre caminhar juntos na direção do progresso e do bem estar social do seu país.
Caso nós brasileiros não possuamos de fato esta habilidade inata, é factível que possamos ao menos aprendê-la! E a forma para iniciarmos isto passa por necessariamente observarmos como atuam os melhores exemplos de que dispomos no mundo, ou seja, as nações mais desenvolvidas em termos de Produto Interno Bruto (PIB), renda per capita e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
A superação de qualquer dificuldade intui reconhecermos as nossas limitações e nos dispormos a aprender com quem melhor domina determinados assuntos ou habilidades. Notemos quais são as nações mais desenvolvidas e as copiemos sem qualquer constrangimento para um dia igualmente conquistarmos o nosso lugar ao sol. Sejamos mestres naquilo em que já somos bons como: tolerância religiosa, agronegócio e futebol, e aprendizes no que ainda precisamos melhorar: o espírito cooperativo e o foco no bem comum.
Prof. Flávio Peglow Madurera – Ens. Fundamental II
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