‘’Se você se acha muito pequeno para fazer a diferença, você nunca esteve na cama com um mosquito’’ – Betty Reese
O Brasil constitui-se uma nação de cultura ocidental, e mais especificamente da tradição judaico-cristã, sendo que, e por isso, a base da maioria das ações ou a explicação do que realizamos se encontra muito frequentemente embasada no Pentateuco judeu e/ou nos 66 livros compilados na Bíblia. Tentaremos, a partir deste fundamento, especialmente do cristão, esclarecer alguns aspectos a respeito da questão apresentada no título, ajudando a encontrar a paz logo terminado o embate entre as pessoas, para que o entendimento logo aconteça, cuja situação foi gerada por uma divergência de opinião, culminando muitas vezes em mágoas recíprocas. Evitar que nos casos extremos, o desentendimento termine em briga, também é nosso objetivo.
Mas antes de adentrar ao assunto, sobre paz e sobre conflitos, resolvemos pesquisar o tema na internet, e encontramos milhões de citações sobre os temas. Existe de tudo, passos, dicas, táticas, cursos, filmes para o caso. Por outro, também existe uma bibliografia especializada que analisa os casos ou semelhantes assuntos. E porque aprendemos que ‘’quanto maior a extensão, menor a profundidade’’, resolvemos então recorrer à nossa base, a fonte acima apresentada, bem como à experiência que adquirimos em alguns anos administrando conflitos, quando organizamos a ideia neste texto e nas linhas que se seguem. O foco dos argumentos, neste texto, será embasado no conflito, para compreender melhor como chegar à paz. O texto poderá ser extenso, visto a variedade de situações envolvidas neste tema tão apaixonante.
Sem pretender que um embate seja um malefício para qualquer das partes e para uma ampliada compreensão do que nos propomos demonstrar, apresentamos uma figura de linguagem sobre o tema: as partes antagônicas que estão em conflito, magoadas entre si, bradam armas de longe, antes da briga propriamente dita, um contra o outro, ‘’se prometendo’’. Também sem estigmatizar ou preconceituar qualquer que seja, mas para compreender melhor o que pretendemos discorrer, sugerimos os dois tipos mais conhecidos de antagonistas: aquele que defende o bem e, o outro, que defende o mal (veja bem, que quando estamos brigados com alguém, sempre nos parece que a outra parte é que está errada, e por isso, tende-se a conceitua-la como se fosse do mal, pois ela está errada, ela nos traz infelicidade). E este aqui, que defende o mal, tem facões, revólver, tanque de guerra, spray de pimenta, metralhadora prontas ao combate. Aquele outro, do bem, parece que está desarmado, porque de longe se percebe que tem somente ele só, sua voz e seu corpo. E porque sempre se disse que o bem vence o mal, como este processo acontece?
Num conflito, aquele que defende o bem, tem apenas duas opções para sair vitorioso do desafio: a primeira delas é substituir as suas armas frágeis, comprando outras semelhantes ou superiores àquelas do oponente. Contudo, sabendo ser um grande especialista nas armas do bem, manipulando com destreza ‘’o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio” (Gl 5:19-23), provavelmente terá enorme dificuldade na administração dos aparatos quase que militares do oponente, se resolver embater-se no conflito alheio, segundo a visão e nos parâmetros adversários. A antevisão de derrota é certa.
A segunda delas, possível, contudo mais difícil, mas com uma real possibilidade de vitória se comparada a anterior, é convidar o adversário, inclusive de posse de todas as suas armas e outras mais que conseguir carregar, para o campo de batalha da perspectiva do bem. Neste espaço, e de pleno conhecimento do campo de guerra deste guerreiro, a manipulação das armas pelo adversário, e que podem ser ‘’a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoista, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas como estas’’ (Gálatas 5.19), se tornam mais fracas, pois as condições específicas deste espaço demandam a utilização muito melhor de armas da outra parte, daquelas do bem, quando daí, e porque o campo de batalha é desconhecido pelo beligerante briguento – pois é um ambiente humano, do calor humano, do olho-no-olho – a guerra pode ser vencida com maior tranquilidade pelo bem. Um caso semelhante foi a perda do conflito da guerra pela URSS entre o Afeganistão, o Vietnã soviético, pois a antiga União Soviética desconsiderou toda a dificuldade em deslocamento de seu pesado armamento, próprio para planície e planalto, no meio de grandes e escarpadas montanhas.
Se há percepção que existe uma dificuldade entre duas partes, e desconsiderando os motivos e condições que promoveram a que se chegasse ao atual estágio de beligerância, é natural concluir que houveram ações, num determinado passado, que resultaram um clima difícil entre aqueles que hoje estão apartados. Talvez fossem intencionais ou não, mas construiu-se um quadro de enfrentamento, onde as partes não conseguem mais se entender. É tipo aquela doença que demora para ser instalada, e que vai sendo aos poucos inoculada, invisível, sem maiores dores, quando, de repente, ela se apresenta, viva e chamativa, e pronta para o confronto. A cura, por outro lado, vista e almejada por todos, e desejada para que aconteça no menor tempo possível, contudo, apresenta o seu preço: demanda remédios amargos. Quanto ao remédio, na comparação com a guerra, diz Gasset: ‘’Se a guerra é uma coisa que se faz, também a paz é uma coisa que tem de ser feita, que tem de ser fabricada, pondo a trabalhar todas as potências humanas. A paz não é fruto espontâneo de uma árvore. Nada importante é dado de presente ao homem; e , sim, ele tem de fazê-lo, que construí-lo’’ (*01). Se durante o advento, a doença foi sendo silenciosa, lenta e sem esforços adquirida, agora, para o retorno da paz, parece-nos segundo o autor, deve haver um esforço redobrado: o mal parece-nos vem sempre suave e doce, e a paz tem de ser alcançada com muita guerra. Paradoxo!
Todo o dia, o dia inteiro temos de vivenciar conflitos, e estamos quotidianamente nos embatendo em resolvê-los, motivo pelo qual enfrentar uma questão com uma outra pessoa não pode ser transformada em algo impossível de ser superada. O primeiro conflito diário a ser ultrapassado inicia, cedo de manhã, todos os dias, quando nos embatemos no desejo de permanecer na cama e a necessidade de realizar a higiene pessoal. Para parar de brigar, quem se propõe primeiro a resolvê-la, pode ser comparado à Colombo, segundo Émerson: ‘’Cristóvão Colombo acreditava que a forma esférica da terra era um problema para a navegação, assim como a geometria de um cubículo, e olhava para todos os reis e povos como covardes, até que atrevessem a provê-lo dos equipamentos necessários. Poucos homens pertenceram mais ao planeta do que Colombo’’ (*02). Quem pois, tem a iniciativa, muitas vezes é quem domina a situação, porque a garantia é que não se vai ao confronto, sem ter antes realizando um cuidadoso planejamento. E quem recebe a iniciativa, recebe sem aviso, e a surpresa é uma tática vencedora de guerra para a paz. Este texto é direcionado para as pessoas que tem iniciativa ou, se ainda porventura não a tiverem, se propõe a oferecer as condições para que brevemente à alcance, visando encerrar definitivamente aquele mal-estar entre as pessoas em crise.
Qualquer conflito que nos atinge, e que nos incomoda, nos atinge porque as mensagens recebidas deixaram de se encaixar nos filtros de recebimento segundo aquelas mensagens que esperávamos receber. Este pode ser um dos motivos de nossos desapontamentos, tipo aquele caso de aguardar ansiosamente chegar a sexta-feira, para no dia seguinte, sábado, descansar do trabalho estafante da semana, quando se recebe a informação, de noite, de um vazamento na pia da cozinha. O mau humor toma conta! Semelhante situação acontece nas relações com as pessoas com as quais nos relacionamos, e a teoria da comunicação explica melhor (aqui nos permitimos tecer superficiais comentários): existe um emissor, uma mensagem e um receptor. E entre estes três elementos, muitas situações diferentes acontecem, desde a intenção do emissor, da forma e o conteúdo da mensagem, e as condições de recebimento do receptor. Basta um singelo ruído na transmissão da mensagem, já teremos então o início de problemas.
Porque o assunto necessita uma atenção maior, o bullying, e que também envolve conflito entre pessoas, não será analisado neste texto, contudo num breve futuro nos comprometemos a apresentar nossa interpretação.
Neste embate com o adversário, e enquanto estiver na arena do conflito, com o objetivo de vencer a questão, o beligerante do bem deve brandir suas armas observado o seguinte:
– humildade e piedade – uma delas, a primeira, e talvez a mais importante, e que praticamente dá sinais de vitória já nos primeiros momentos do conflito, é saber brandir as duas armas, da humildade e da piedade. Quem as utiliza, está revestido de uma grande envergadura moral, muito que, o beligerante do bem, esteja envolvido pessoal e emocionalmente no conflito. Para tanto, nos primeiros momentos do embate, baixe os olhos, lamente o ocorrido e sinceramente peça desculpas, peça perdão. A condição de humildade frente ao adversário, fará com que aquele que procura a paz deixe de apresentar aqueles sinais típicos de descontrole em uma situação difícil, quando ‘’você sente um nó no estômago. Seu coração dispara. Seu rosto fica afogueado. As mãos ficam suadas. Estas são reações físicas que indicam que há algo errado e que você está perdendo a calma na negociação’’ (*03). Esta postura e esta disposição, pela experiência que temos, acredite, desarma qualquer brigão! A iniciativa, e ratificando, deve ser do guerreiro do bem, porque deixará de surgir do seu oponente. E caso não tenha recordação que haja ofendido a outra parte, cujo pedido de perdão jamais diminuirá a personalidade e honradez do sincero pedinte, serve para ‘’satisfazer’’ o ego da outra parte, o que imediatamente também relaxará suas defesas. Faça isto: peça perdão!
Além da humildade, outra atitude para que os conflitos cessem, é ter compaixão por quem nos agride. Pascal descreve melhor a questão: ‘’Como se explica que um coxo não nos irrite, e que um espírito coxo nos irrite? É que um coxo reconhece que andamos direito, e um espírito coxo diz que somos nós que coxeamos; sem isso, teríamos piedade dele, e não raiva (*04).E, para concluir, ‘’Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus’’ – Mateus 5.3 e ‘’Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’’ – Lucas 23.34
– Eu errei! Como já aqui registrado, em um conflito as partes tem as suas responsabilidades na questão. Contudo, não querendo assumi-las, todo e qualquer ser humano imediatamente aponta o dedo para o próximo ou seu oponente e responde com evasivas, ao ser inquirido se contribuiu para o atrito. Esta declaração, de dizer a outra parte que falhamos nos recíprocos relacionamentos, é uma outra das mais importantes, sendo que deve ser dita logo após ou imediatamente antes do pedido de perdão. Apesar de ser um grande desafio, um altíssimo muro a ser ultrapassado, esta decisão está à altura do problema gerado, e constitui-se um equilíbrio de forças ao enfrentamento do problema. Como dica, e se deixar de haver aquelas forças para dizer que errou, escreva num papel uma pequena frase, tipo ”Preciso de tua ajuda” ou ”Poderias me ajudar? Acredito que tenha errado contigo” e entregue à outra parte. Se houver condições de dizer presencialmente, e por ser uma grande arma à pacificação, sinceramente permita-se dizer ‘’Eu errei!’’. Faça isto! Funciona!
– a força da fraqueza – as duas armas acima, as mais importantes, e são as primeiras a serem apresentadas no início do embate, muito diferente de uma guerra convencional, quando primeiro se desgasta o adversário com forças mais fracas e, somente ao final dela, e para concluí-la definitivamente, alguns soltam bombas atômicas. A fundamentação deste texto, como dito à princípio, é cristã, e estas orientações são possíveis quando existe Deus em seu coração, porque sem isto, quase é impossível praticar o que aqui se sugestiona, porque as forças para ultrapassar os grandes desafios não se encontram no ser humano. E, por incrível que pareça, ao invés de acreditar que se encontre na condição de fragilidade, já que para resolver conflitos o deixa emocionalmente desequilibrados, tristes e cabisbaixos, o cristão neste momento externa e internamente tem a maior força e domínio da situação. Diz o texto bíblico: ”Mas ele me disse: “Minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco, é que sou forte” – 2. Coríntios 11.9-10. De João Amós Comenius, um dos maiores pedagogos da humanidade, trazemos uma outra citação: “Aliás, é bom submeter todas as plantas à prova do vento, do granizo, do trovão e do relâmpago: por isso se diz que são as regiões açoitadas por ventos e relâmpagos que produzem a madeira mais forte’’
– dependência – é muito frequente ouvir a expressão ‘’os últimos serão os primeiros’’ acompanhada de alguma risada irônica. Conhecemos também a acirrada concorrência em obter as melhores vagas no estacionamento, a disputa para as melhores notas nos estudos, a ostentação do mais atualizado telefone celular, características próprias de uma sociedade consumista, competitiva, egocêntrica, tão somente um retrato de uma doença coletiva. Mas algo pode mudar, mais uma razão pelo qual escrevemos este artigo. O texto aqui, e que tem por objetivo a promoção da paz, vem exatamente contra aquela disputa acirrada e acrescida de falta de uma básica civilidade, porque a continuar esta progressão, bem sabemos, acaba-se com a humanidade. Lembrando que a concorrência sempre é benéfica, quando tem por objetivo primeiro a elevação das relações entre os homens, e porque são as pessoas e nas pessoas onde se criam os problemas, quando também nelas se encontram a solução.
O argumento que trazemos é a dependência que temos de nosso beligerante, apesar que possa parecer contraditório. Se temos alguém que nos confronta, desafia, nos desequilibra, é porque primeiramente estamos vivos e possivelmente com saúde. Outra consideração é compreender que os ataques que somos obrigados a enfrentar, são razões suficientes de estarmos onde nos encontramos, podendo estar em lugares talvez muito menos favoráveis. E se estamos numa posição sendo frequentemente agredidos, é porque talvez desconheçamos que existe uma correlação de forças entre agressão e força de suporte, sendo que se deixasse de haver esta última, de saber suportar a provação, é certo que o provocado ou aquele que é agredido, não estaria na altura do cargo e do local onde se encontra para suportá-lo, pois é fato que neste espaço se necessite de alguém que se suporte o calor do desafio. Nesse sentido, porque reclamar?
Assim considerado, tanto agressores quanto agredidos, são dependentes, equivalentes, e particularmente necessários naquele espaço e naquela circunstância, estando em pé de igualdade. Assim, entender que aquele que briga ou desafia conosco nos traz prejuízo, talvez seja uma conclusão equivocada, sendo que (quando bem conduzida a questão, e ao se concluir na conquista da paz) exista muito frequentemente a promoção do conceito do apaziguador, sem contar a elevação do seu caráter e a soma de mais uma experiência de vida. E de tantas leituras que realizamos, nos deparamos com os argumentos de Ortega Y Gasset, que em poucas palavras se propõe qualificar o conceito que se tem do último, do prejudicado, daquele que sofre, para valorizá-lo enquanto oponente: ‘’Em um romance contemporâneo se fala de um menino pouco inteligente, porém dotado de uma notável sensibilidade moral, que se consola por ocupar o último lugar em todas as matérias escolares, pensando ’Afinal de contas, alguém tem de ser o último’. É uma observação fina e útil para guiar-nos. Pode ter nobreza em ser o último quanto ser o primeiro, porque os postos de um e outro extremo, são magistraturas de que o mundo igualmente necessita, um dependente do outro’’ (*05).
– frente-a-frente – os conflitos, muitas vezes acontecem ou são gerados por falha na comunicação. E o seu aprofundamento se processa ao ponto da beligerância, quando existe o distanciamento físico entre o emissor e o receptor da mensagem. E porque imediatamente iniciado o conflito, as partes envolvidas juntam àquele caldo que já está quente, juízos de valor a respeito da outra parte, e o assunto se agrava. Por isso, qualquer mensagem emitida pelo oponente inicia a ser recebida muito diferente segundo aquela originária da fonte: o acerto entre as partes, então, na continuidade deste processo, deixará de acontecer. Contudo, exceto para a morte e o tempo perdido, sempre haverá uma solução possível, razão pela qual os oponentes ao se colocarem de frente, olho-no-olho, poderão mais rápido encontrar a solução. Veja a maravilhosa análise do filósofo norte-americano Ralph Waldo Émerson: ‘’E a paz da sociedade é muitas vezes mantida, pois, como dizem as crianças, um tem medo, e o outro não se atreve. Os homens enchem o peito, intimidam e ameaçam os outros à distância; mas colocai-os cara a cara, e eles se tornam covardes’’ (*06).
– o próprio beligerante do bem – Aprendemos de nossos pais mais uma lição, e hoje ensinamos aos nossos filhos: para que terminassem aquelas naturais disputas entre nossos irmãos, ou após elas, e que, com alguma frequência, acontecia na época da adolescência (e quem não brigou com seu irmão!), além de ralhar com os dois que se enfrentaram, tinha-se de ouvir mais uma outra advertência, que na época não se compreendia bem, e tinha-se de engolir à contragosto, quando diziam que ‘’um bode sozinho nunca briga: sempre tem dois!’’. Quer queira, quer deixe de se querer, voluntária ou involuntariamente, as partes têm alguma contribuição para o conflito, porque ninguém soube ceder ou perder algo. Completa o argumento, a primeira-dama dos Estados Unidos de 1933 a 1945, esposa do presidente Franklin Delano Roosevelt, ‘’ninguém pode feri-lo sem seu consentimento”.
– perdas x ganhos – Segundo Newton, na natureza nada se perde, tudo se transforma. Assim também pode acontecer numa briga familiar, num conflito no mundo dos negócios, na guerra entre nações. O pensamento de que um conflito possa ser algo estritamente negativo ou, trazendo um outro exemplo, que na ‘’sorte grande’’ haja sempre eternas alegrias, dizemos que estas conclusões talvez não sejam as mais acertadas, pois qualquer conflito se bem administrado é uma benção, assim como ganhar na loteria pode ser o maior problema da vida inteira do ganhador. Por isso, e dependendo a condução e administração do caso, o resultado poderá ser bom ou ruim, segundo a visão do combate daquele que está envolvido no calor da questão. Permita-se comparar os aspectos positivos da manutenção da briga, com os negativos, e perceberá que a balança sempre penderá para o lado negativo. Assim, e apesar do desafio a ser enfrentado, vale à pena ser o primeiro a se oferecer para encerrar a briga. ‘’O pacifismo vê na guerra um dano, um crime ou um vício. Mas esquece que, antes e acima disso, a guerra é um esforço enorme que os homens fazem para resolver certos conflitos. O pacifismo está perdido e se converte em nula beatice, se não tem presente que a guerra é uma genial e formidável técnica de vida e para a vida’’ – Ortega Y Gasset (*07). Assim considerado, os cristãos são pacíficos, e não pacifistas.
– efeito Romeu e Julieta – a conhecida história de Romeu e Julieta, brindada à humanidade por William Shakespeare, muito bem vem à somar nos argumentos para o término dos conflitos entre as pessoas. Segundo Robert Cialdini, e que aprofunda o esclarecimento desta peça teatral aos dias de hoje, ‘’as coisas difíceis de possuir são geralmente melhores do que as que são fáceis de ter’’ (*08). Isto quer dizer que quanto mais o problema do desacerto continuar existindo, maior será a dificuldade de resolução, porque o negativo é mais gostoso, aquilo que é um tabu é convite ao descumprimento, ‘’não pise na grama’’ é o mesmo que ‘’venha, pise na grama!’’ e desafiar as regras impostas pelos pais, foi ‘’a’’ emoção que procuravam os amantes da história shakespeariana. Tomando-se a iniciativa, dizendo ‘’sim, eu quero resolver o problema’’, isto significa o caminho inverso da eliminação do gosto tão humanamente natural pela manutenção do conflito.
– o outro – o guerreiro do bem terá de estar consciente da importância de deixar de se embater na perspectiva do seu adversário, cujo oponente tem uma ideia muito exclusivista sobre o motivo pelo qual propôs o desafio: ele é assumidamente individualista. “Lembre-se de que o homem com quem estiver falando está uma centena de vezes mais interessado em si mesmo, nos seus problemas e vontades, do que em você e em seus problemas. Sua dor de dente significa muito mais para ele, que a fome na China que mata um milhão de pessoas. Um furúnculo em seu pescoço interessa mais que quarenta tremores na África. Pense em tudo isso na próxima vez que iniciar uma conversação” – Dale Carnegie (*09). Assim, agir proativamente na perspectiva dos anseios do oponente, é uma das grandes e boas maneiras de que logo se abaixem as armas, e se iniciem as conversações.
– Concordo! – ‘’Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão’’ – Mateus 5:25. O versículo supõe um acordo com o oponente, e que não deixa de ser uma excelente recomendação para a instalação da paz. Contudo, esta mensagem deve um pouco mais esclarecida, pois se percebe apenas nas entrelinhas do versículo uma outra ideia: está embutido na palavra ‘’acordo’’ um outro conceito, que é concordar. O acordo – e que é um processo demorado -, e para que ele aconteça o mais breve possível, está condicionado a realização de um passo anterior, que é concordar. Por isso, informar que tem um sincero respeito pelas opiniões e razões do oponente, mesmo que se discorde delas e logicamente, sem manifestar verbalmente a opinião, já logo após o pedido de desculpas (e baixando os olhos), promove o afrouxamento das tensões que seguram as armas inimigas. Até se permitindo ser acusado pelo oponente de ter cometido situações esdrúxulas, realizando erros que sequer conheça ou mesmo até sendo atacado como incompreensível, autoritário, egoísta e atributos semelhantes, contudo sabendo intimamente deixar de ser assim, tudo isto significa o ganho da causa, pois é um passo para trás, quando o acordo e a paz futuros representarão dois, três, muitos passos para frente. Aceite, por isso, tudo receber e tudo isto engolir, mesmo e apesar de serem ‘’sapos barbudos’’. E segundo William L. Ury, ‘’é difícil atacar alguém que concorda com você’’ (*10). Assim, concorda com o teu inimigo! Concorda já! Experimente, que dá certo!
– como revidar – Outra importante constatação trazemos e, por isso, acompanhe o raciocínio. Os erros acontecem através das quatro formas. O erro fundamental e gerador de todas as nossas dificuldades com o próximo, é aquele gerado em nosso pensamento, podendo-se dizer que é um pecado divino, pois somente Deus percebe. Agora, contra o nosso oponente, e a partir do nosso pensamento, temos o pecado humano, e que acontece através das palavras que emitimos, das ações realizadas ou da omissão em realizar algo favorável. E entre estes três citados, o que mais frequentemente acontece é através das palavras, quando algum tempo atrás eram emitidos apenas pela boca e, pelo transcurso do desenvolvimento da humanidade, também são praticados pela ponta dos dedos. Porque pelas palavras, então, as dificuldades acontecem, pode-se dizer também que pelas palavras, então, a solução se realiza. No enfrentamento da questão irresolvida, com a intenção da instalação da paz, que o beligerante do bem esteja então preparado para ouvir muitas, muitas palavras, ouvindo mais e a suportando paciente e silenciosamente tudo o que ouvir em silêncio, sem revidar, e repetindo, sem revidar. Realizar um encontro para desabafar, para colocar ‘’tudo para fora’’, como se fosse algo produtivo e para o bem daquele falante conflitado, já que ‘’lavou a alma’’, ao invés de resolver a crise, aumenta o problema. Considere, por isso, Mateus 15.11: “o que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem’’.
– em particular – ‘’Se teu irmão pecar, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano’’ – Mateus 18:15-35. As atuais ferramentas pelas quais administramos as nossas vidas são potenciais promotoras de conflitos entre as pessoas, e que sequer nos apercebermos. Uma delas é o telefone celular, smart phone, muito utilizado por quase toda a população brasileira, em cujo aparelho estão inseridas as mais atualizadas mídias de comunicação, onde apenas citamos o Facebook, Instagram e o WhatsApp. Um ‘’like’’ ou ‘’deslike’’ já é motivo de intranquilidade, sem contar o horror do banimento de alguém de uma página! E aquela foto publicada sem a autorização explícita, que confusão! A questão, contudo, se torna mais complexa para resolvê-la quando acontece um desentendimento, especialmente ao ser tornada pública uma querela estritamente reservada entre duas pessoas ou que se achava que houvesse como certo e privado somente entre elas (sem pretender polemizar o caso, mas veja o absurdo das atuais delações!). Estando a comunicação em plena evidência, se compreende por isso os numerosos desacertos entre as pessoas pela falha, incompleta, errada ou distorcida informação emitida. Uma informação ou aquela simples mensagem transmitida, sendo recebida em contragosto pelo receptor, é compreendida como as penas jogadas ao vento. Como resolver?
O versículo é muito claro: que o caso seja tratado reservadamente, somente entre as duas partes afetadas (E comparando com os nossos dias, apenas pare na frente da televisão e analise como a mídia intromete-se onde não deve! Deste versículo também se abstrai a citação ‘’critique reservadamente; elogie publicamente’’). Caso deixar de haver acerto, somente aí entra a figura de uma testemunha, devendo ela ser estranha ao assunto e também dos envolvidos, para que dê sua opinião a partir das informações recebidas, ou podendo também ser aquelas testemunhas que presenciaram o fato, emitindo suas considerações, ou os dois casos combinados. E o interessante da orientação bíblica, finalizando este argumento, muito diferente do que temos em nossa sociedade, é que se a questão deixou de ser resolvida depois do parecer das testemunhas, que o caso seja então levado para Igreja, lá analisado e decidido, desconsiderando levá-la aos órgãos judiciais.
Viemos novamente reforçar que as questões conflituosas entre duas partes devem ser tratadas entre os mesmos, porque sempre haverá torcedores para cada um dos lados, e dentre alguns deles, haverá quem gostaria de ver o ‘’circo pegar fogo’’, pois segundo Pascal, ‘’nada nos agrada como o combate, mas não a vitória. Gostamos de ver os combates dos animais, não o vencedor encarniçado sobre o vencido. Que queríamos ver, se não o fim da vitória? E, desde que esta se verifica, enfastia-nos. Assim no jogo, assim na pesquisa da verdade. Gostamos de ver, nas polêmicas, o combate das opiniões; mas, não gostamos, em absoluto, de contemplar a verdade encontrada. Para fazê-la observar com prazer, é preciso vê-la, fazer nascer da polêmica (*11).
– Quem te irrita, te governa – Esta citação da cultura árabe muito nos orientou na administração das várias questões de confronto que tivemos de ultrapassar. Ela é simples, e muito verdadeira, contudo exigindo auto superação ao desafio, além de pacientemente saber suportar o problema. Na maioria das vezes, aquele que traz aquele incômodo quase que insuportável, se encontra próximo do nosso raio da ação, e suas manifestações atravancam o trabalho que se pretende realizar, podendo ser pela disseminação de críticas, fofocas, anti-trabalho e outras tantas. E se o incomodante souber ou tiver conhecimento que as suas ações lhe importunam, aí mesmo que potencializará o caso, realizando contínuos esforços para que seu intento se mantenha vivo (aquele que se encontra em cargo de liderança, bem pode confirmar o que aqui descrevemos). A questão, neste caso, para ser resolvida é simples, apesar de complexa de ser executada: mantenha-se em silêncio sobre o seu oponente, bem como de suas ações. Se possível, faça um pedido às pessoas mais próximas para que deixem de fazer ou trazer comentários sobre aqueles que lhe trazem incômodos, de sorte que a lembrança deles seja o esquecimento, porque onde não há resposta ao pingue-pongue da provocação, o jogo termina. E, por necessário, determine-se a deixar de aceitar que qualquer ataque vindo da oposição lhe irrite: desconsidere totalmente a provocação, caso contrário estará nas mãos do oponente, sendo por ele manipulado. “Quem te irrita, te governa!“.
– atenção – No entanto, se deve considerar uma questão a respeito deste caso, daquele que importuna. Muitas vezes, talvez nem mesmo sabendo dos problemas que nos causa, a sua ação possa querer chamar a nossa atenção de sua pessoa, pela ausência de amor, carinho e afeto, cujos benefícios são distribuídos somente para outros. Os exemplos podemos encontrar muitos, como o desagrado que algumas pessoas causam nas outras devido sua aparência física, quando uma bariátrica ou redução de seios transformam-nas para melhor, ou também no caso da educação, quando aquele aluno mal-educado, indisciplinado, que é o pavor de todo o professor, dele todos querem distância. De nossos pais, aprendemos mais uma outra expressão, para resolver o mau humor, quando nos disseram, ‘’vire o disco’’: ao invés de se afastar, chame-o junto, abrace-o, que o caso logo termina. Isto é importante, e na maioria dos casos resolve, mas demanda grande força de vontade. ‘’A cura de todas as tragédias, a cura da cegueira, a cura do crime, é o amor. ‘Quanto mais amor, mais espírito’ diz o provérbio latino’’, diz Émerson (*12).
– saber ouvir – somos muito mais receptivos do que emissores de mensagens, bastando para isso analisar o nosso corpo. Temos aproximadamente 02 metros quadrados de área para receber mensagens, onde estão incluídos os ouvidos para escutar, nariz e boca para cheirar e degustar mensagens (quando nossa mãe faz um gostoso feijão, a mensagem que pretende nos oferecer é de amor) e olhos para analisar o que temos à disposição, ao passo que praticamente temos apenas somente uma pequenina boca para responder àquilo tudo que recebemos, e que estrago pode fazer! Porque aquele que reclama ou esteja sempre pronto para entrar em conflito não encontre válvula de escape para devolver parte da multidão de mensagens que recebe diariamente, tentando reorganizar seu equilíbrio interior, poder ser (e muitas vezes assim acontece) que apenas deseja ser ouvido, necessitando de alguém que ouça as suas variadíssimas considerações. Saber ouvir é uma das boas atitudes para deixar que existam conflitos ou como disse Guitton, ‘’o silêncio daquele que se abstém de falar é um silêncio instrutivo e sonoro’’ (*13).
– domínio próprio – Outro aspecto importante a respeito daquele que nos traz irritação, apresentamos agora. Já se ouviu que quem muito se abaixa, mostra suas nádegas. E porque ao entorno do ofendido se cria uma plateia de torcedores-defensores (lembrando que num conflito, ninguém é vencedor ou está alegre: as partes envolvidas igualmente são sofredoras), a questão então é inflacionada. O ofendido sofre, além da dificuldade de enfrentar o opositor, o assédio de seus próprios amigos, que lhe colocam ‘’contra a parede’’ para que tome uma atitude, em vista da ausência de resposta à altura. Que sinuca de bico! E como sair dela? Na adolescência e juventude, e porque a experiência de vida ainda é pouca, e o conhecimento de funcionamento das relações humanas é limitado, estando os hormônios estão à flor da pele, a resposta tende a ser pela agressão física ou para além de uma normalidade aceitável. Enquanto que se soma idade, as respostas iniciam a ser melhores, e a questão de responder ao amigo sobre mostrar ou não suas nádegas, pode ser respondida quando se está em paz consigo mesmo, reforçada por Napoleão Hill, pois ‘’é impossível amedrontar um homem que está em paz com Deus, com seus semelhantes e consigo próprio. Não há lugar para o medo no coração de tal homem. Quando o temor encontra boa acolhida, é sinal de que alguma coisa precisa ser despertada’’ (*14)e confirmada por Shakespeare: ‘’Isso acima de tudo: sê fiel a ti mesmo e nesta constância, como a noite ao dia, com homem algum poderás ser falso’’.
– o conflito e o passado – A discussão de um tema ou a análise de um problema com o objetivo de se encontrar um consenso, agora no momento presente, significa uma volta ao passado, e retornar ao que já tenha sido, ao que não é bom, traz aborrecimentos, visto que lá se descobrem as decisões equivocadas (e que são as causas), geradoras do fardo de carregar as consequências no presente. Já o futuro, segundo Ortega Y Gasset, tem uma outra perspectiva, “Queira ou não, a vida é uma constante ocupação com algo futuro. Desde este instante, nos ocupamos com o que vem depois. Por isso viver é sempre, sempre, sem pausa nem descanso, fazer. Portanto, gravem: nada tem sentido para o homem senão em função do futuro. Ou seja, vive, antes de tudo, no futuro e do futuro’’ (*15). Assim considerado, o futuro é gostoso, sendo de que de crianças e jovens todos querem se aproximar, pelo fato de representar um cenário possivelmente melhor, a alegria e eterna disposição, ao passo que no passado se encontram os problemas e estacionados os mal humorados, os críticos ácidos e os pessimistas, promotores de tantas adversidades. Gerir qualquer tipo de conflito então é um retorno, um conflito permanente em abrir mão de estar no futuro. Da liderança ou daquele que pretende trazer a paz, saberá que necessitará enfrentar mais este desafio.
– apertar das mãos – todo o conflito se caracteriza em um momento de parada no trajeto dos caminhantes, quando nele se realiza a catarse dos conflitados para o esclarecimento dos pontos em desacerto e, ao final dela, a construção de um conceito mútuo de se tomar outra direção juntos ou separados, ou ainda o recomeço daquele trajeto antes interrompido. O que caracteriza haver um desacerto total entre as partes, é a separação entre os mesmos, ao passo que o acordo está simbolizado pelo caminhar em conjunto.
Contudo, para que o acordo aconteça, e acordo, bem sabemos, é um equilíbrio entre as partes, uma parceria construída daquele momento em diante, é necessário que os acertos aconteçam. E a melhor forma de construir o novo começo é segundo aquela máxima ‘’conversando a gente se entende’’. Através da conversação aberta, deixando as informações serem apresentadas livremente pelas partes, de sorte que nenhum permaneça emudecido e de olhos baixos (neste caso, somente uma das partes sai satisfeita, pelo alívio do descarrego de sua adrenalina resultando na troca de socos, ou pelo verborrágico desabafo do que tenha guardado na garganta; pela atribuição de juízo de valor negativo, tipo ruim, feio, e outras expressões semelhantes; pela responsabilidade pelo conflito atribuído apenas a uma das partes), existe a possibilidade que uma outra realidade se apresente, quando um novo recomeço acontece pelo aperto de mão, um abraço, um sincero sorriso ou ainda um olhar firme nos olhos, quando as mágoas ainda porventura existentes são colocadas na conta do passado.
Do desacerto interminável de uma questão, apresentamos apenas duas situações que gostaríamos mencionar: a primeira delas é a separação irreversível dos contendores, pela impossibilidade de acordo, o que pode significar a inexistência de reconhecer como válidas as verdades da outra pessoa: alguém deixou de ceder dos seus argumentos. Neste caso, deixar para que o tempo traga a resposta, é a solução possível. A outra possibilidade, e entendemos uma grande lição de vida, encontramos mais recentemente no grande líder norte-americano Abraham Lincoln (lembrem-se também de Jó), excertada de um dos seus biógrafos. Se das dificuldades da vida reclamamos, podendo ser em nossos lares, quanto nos lugares onde laboramos ou mesmo na sociedade onde nos encontramos, e protestamos veemente enquanto que o desafio seja vencido, veja por isso, um modelo humano onde se possa encontrar uma norma para nossas vidas. Apesar do desafio a ser ultrapassado, é um paradigma para a convivência com o próximo:
“‘Perguntem ao primeiro americano: Que espécie de mulher era a esposa de Lincoln?’ escreve Honoré Wilsie Morrow no seu livro Mary Todd Lincoln e a possibilidade ‘é de que noventa e nove de cem respostas dirão que foi uma megera, uma praga, uma doida vulgar’. A grande tragédia na vida de Lincoln não foi o seu assassínio, mas o seu casamento. ‘Entre tormentas de ódio partidário e luta com os rebeldes’ diz o General Badeau, ‘entre agonias … como as da Cruz … o hissope da desgraça doméstica foi levada aos lábios de Lincoln, e ele também disse: Pai, perdoa – eles não sabem o que fazem’’’ (*16).
Concluindo
Os argumentos acima, para a resolução de um conflito, e que ultrapassam de uma dezena, se direcionam para a primeira pessoa do singular, e que também lê estas páginas, considerando que será aquele que terá a iniciativa em resolver o caso, estando pois nele, e não no oponente, a resolução do conflito. Neste caso, a questão da paz é uma decisão particular de si para si mesmo, para posteriormente oferecer ao seu semelhante.
A impressão que pretendemos apresentar neste longo texto, deixa de ser uma visão pessimista, mas otimista sobre qualquer tipo de embate, sendo que, e por isso, aquele que a utilizará, terá já preliminarmente em mãos algumas soluções para enfrentar o problema. Ir ao confronto com alguma possibilidade de solução, e confiante, quando humildemente sugerimos os argumentos acima, ainda que insuficientes, é melhor do que com nada. E considerando o somatório dos aspectos positivos na comparação dos negativos em um confronto entre partes distintas e discordantes, perceber-se-á que aqueles primeiros sempre serão sempre em maior número do que os últimos. Avalie, pois, as vantagens de ir à luta para resolver conflitos.
Deixar de haver brigas, conflitos e paz duradoura, pode significar estagnação e/ou morte lenta. Os conflitos também são benéficos; que, pois, nos lembremos disto, pois onde há vida, haverá problemas.
Lembramos que tão logo concluído os acordos da disputa acontecida, o último acerto entre as partes será o esquecimento da questão, uma ‘’pedra por cima’’, e ‘’vida que segue’’.
E, para finalizar, agora nos remetemos agora à citação que acompanha o título deste rápido ensaio. Se um pequeno mosquito tem o poder de intranquilizar aquele sonolento, que grande diferença fará na vida das pessoas quem que decidir enfrentar, e terminar uma briga!
Luiz Pfluck, professor e diretor
Referências:
01 – Ortega Y Gasset, José. A rebelião das massas. Campinas, SP: Vide Editorial, 2016, pág. 288
02 – Emerson, Ralph Waldo. A conduta da vida. Campinas: Ed. Auster, 2019, pág. 73
03 – Ury, William L. Supere o não: negociando com pessoas difíceis – 6ª edição – Rio de Janeiro: BestSeller, 2010, pág. 34
04 – Pascal, Blaise. Pensamentos. Bauru, SP: EDIPRO, 1995, pág. 194
05 – Ortega Y Gasset, José. Meditações de Quixote. Campinas, SP: Vide Editorial, 2019, pág. 48
06 – Emerson, Ralph Waldo. Ensaios. São Paulo: Martin Claret, 2005, pág. 159
07 – Ortega Y Gasset, José. A rebelião das massas. Campinas, SP: Vide Editorial, 2016, pág. 287
08 – Cialdini, Robert B. O poder da persuasão. Rio de Janeiro: Elsevier; São Paulo: HSM, 2006, pág. 240
09 – Carnegie, Dale. Lincoln, esse desconhecido. São Paulo: Cia Editora Nacional, 1954, pág. 135
10 – Ury, William L. Supere o não: negociando com pessoas difíceis – 6ª edição – Rio de Janeiro: BestSeller, 2010, pág. 52
11 – Pascal, Blaise. Op. Cit., pág. 209
12 – Emerson, Ralph Waldo. A conduta da vida. Campinas: Ed. Auster, 2019, pág. 162
13 – Guitton, Jean. O trabalho intelectual. Campinas, SP: Ed. Kirion, 2018, pág 83
14 – Hill, Napoleon. A lei do triunfo. 8ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991, pág. 594
15 – Ortega Y Gasset, José. A rebelião das massas. Campinas, SP: Vide Editorial, 2016, pág. 256
16 – Carnegie, Dale. Op. cit, pág. 223
Anônimo
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