O escritor inglês William Shakespeare brindou a humanidade com textos magistrais. Um deles, Romeu e Julieta, e que analisa as relações das pessoas no contexto do amor, foi escrita provavelmente entre os anos de 1593 e 1594, cuja história, e que acontece em Verona, Itália, trata do romance de dois apaixonados Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, que viviam algo proibido, resultando na trágica morte de ambos.
O resumo deste primoroso trabalho, através da construção de uma boa e elaborada narrativa, e segundo o nosso entendimento, é a busca de esclarecer a importância da compreensão da palavra ‘’não’’. O esforço dos protagonistas em encontrar solução ao seu objetivo, pela grande rejeição de sua causa, e querendo fazer o menor mal para quem fosse, resultou tão somente no maior prejuízo para eles próprios. Uma desgraceira. Se assim aconteceu, bem sabemos que com rara frequência também ainda acontece nos dias de hoje, mas a grande periodicidade e a superabundância das pequenas mortes, e que veremos adiante, é o necessitamos esclarecer.
O extremo do ‘’não’’ é a morte, já descrito anteriormente. Além disso, quando o assunto foge do conhecimento particular das partes envolvidas com a morte, a questão assume uma outra perspectiva, ao se permite envolver mais pessoas a aderirem ao movimento, pela imitação. A palavra ‘’não’’, por isso, está associada a tragédia, de sorte que ‘’o Dr. Phillips nos prestou um grande serviço ao demonstrar que as probabilidades de sobrevivência, quando viajamos, mudam consideravelmente durante um certo período após a publicação de histórias de suicídios’’ e ‘’após um suicídio ter chegado às primeiras páginas dos jornais, aviões – aviões particulares, jatinhos de empresas, aviões comerciais – começam a cair a uma taxa alarmante’’ (Cialdini, Robert B. O poder da persuasão. Rio de Janeiro : Elsevier : São Paulo : HSM, 2006, pág. 141-146).
A mensagem de Shakespeare, pois, dá base para também compreendermos as mortes suaves e as menores.
O ‘’não’’ é desafiador. O desafio cheira a adrenalina, emoção, e quem deixaria de querer ter experiências diferentes, novas? “Não ultrapasse a velocidade’’, ‘’Proibido estacionar”, ‘’Não pise na grama’’, ‘’Com este aí, TU NÃO VAIS NAMORAR!” e tantas outras negações, são subentendidos como pedidos subliminares em direção à desobediência. Basta lembrar-nos da infância, quando nossas mães diziam “Ninguém come este bolo!’’, o que significava para nós, crianças, aquele gosto de especial de desrespeitar a ordem, e comê-lo às escondidas. E como era bom! Lembramos que as travessuras, se deixarem de ser esclarecidas de início e imediatamente ao pequeno infrator, e mesmo que infantis, bem sabemos que poderão, no futuro, tornarem-se monstras.
Outro aspecto negativo do ‘’não’’ constitui-se daqueles assuntos que, lamentavelmente, são amplamente divulgados nas mídias existentes, e que são as nossas mazelas, publicadas aos milhares nos quatro cantos da terra. O “não’’ neste caso, são os problemas, que ‘’não’’ deveriam ter acontecido e quando publicados, tolhem, encolhem, envergonham uma sociedade, castram a sua futura potencialidade, para transformar os cidadãos em vira-latas, segundo Nelson Rodrigues. Os jornais jorram sangue, as novelas promovem a angústia, as fake news são o assunto do momento. É triste.
Como então ultrapassar o aspecto negativo do ‘’não’’ para encontrar o positivo? O principal, muito simples e de excelentes resultados, é a auto-educação para uma atitude renovada. Por isso, inicie-se começando por verbalizar palavras ou frases positivas, substituindo “Não deixe cair no chão” por “Segure firme o prato”; ‘’Não pise na grama” por “A grama agradece ao caminhares pela calçada‘’; ‘’Não sobe aí, que tu vais cair!” por ‘’Se subires aí, podes cair e vai doer muito”, “Proibido ultrapassar” por “Ultrapassar aqui é perigoso”. Agora, quando uma mensagem deve ser transmitida por escrito, substitua ‘’Não gosto deste tema” por ‘’Deixo de gostar deste tema’’. Estas duas pequenas atitudes alteram substancialmente a reação do receptor em favor de nossos pedidos. E quanto à divulgação daqueles ‘’nãos’’ nas mídias existentes, basta acompanhar a mais límpida verdade, simples, elementar de ‘’criticar reservadamente, elogiar publicamente’’, também com subsidio em Mateus 18.15-17.
E para os pais que enfrentam o desafio, e a contragosto, de ver a sua filha namorando, e para evitar um provável e funesto acontecimento à semelhança de Julieta, ou ainda para resolver esta questão intragável, ao invés de repulsar o oponente, é educar-se ao convertimento de uma nova perspectiva: da antipatia, à simpatia, mesmo devendo suportar a aversão ao desafeto e pretenso futuro genro. Trazendo junto de si os amantes, e porque as armas agora estão relaxadas e os espíritos desarmados, é possível esclarecer os aspectos desfavoráveis do relacionamento, quando os fragiliza. Bem disse Émerson, ‘’se o sul atrai, o norte repele’’. Então, para repelir o ‘’não’’, atraia o ‘’não’’.
E daí, nos perguntamos: porque os pais de Romeu e Julieta não pensaram nisso antes?
Luiz Pfluck, professor e diretor