Entendemos que vivemos novos tempos no Brasil, uma condição que percebemos especialmente depois da última eleição presidencial em 2018. Contudo, o marco-início desta reviravolta deu-se em 2013, e aconteceu aqui no RS, em Porto Alegre, pelo questionamento ao aumento das passagens de ônibus, lembram-se disto? O que se seguiu após isto, foram manifestações nacionais na maioria das grandes cidades, acompanhadas de quebra-quebra, onde se destacaram os black blocs, quando mascarados, fizeram depredações. Importante é dizer que se houveram quebra-quebras, por outro lado houveram também grandes manifestações pacíficas, que somaram milhões de pessoas reivindicando melhorias, criticando autoridades, enaltecendo novas lideranças, reivindicando o espírito patriótico. Nós, aqui, em Alvorada, também participamos na praça central, depois do chamamento da ACIAL. Este movimento nacional, e que foi uma poderosa crítica aos rumos do futuro do Brasil, atingiu até a atual Presidente do Brasil de então, Dilma Rousseff, que foi destituída pelo Congresso Nacional.
Este questionamento maior também foi sentido por todos, e em vários setores da sociedade. No tocante à educação, também ali percebemos uma forte crítica à realidade existente, muito que os resultados gerais brasileiros simplórios até hoje nos envergonham (em nossa área de atuação, sempre trouxemos bons resultados, mas como somos decorrência do meio, e do meio recebemos as influências, naturalmente que se não fosse esta realidade, os nossos resultados seriam ainda muito melhores). Daí vem a pergunta: quais são os motivos e as razões destes resultados?
Uma crise maior é o somatório de muitas e diferentes falhas, e repetidamente acontecendo por longos e demorados anos. E a crise atingiu também a educação, e os baixos resultados são a mais grave constatação, quando entendemos que, de suas várias causas, uma podemos detectar, e que é o abandono de suas origens. Delas, e o que foi esquecido e substituído por outro encaminhamento, foi a fuga dos fundamentos educacionais cristãos, mais especificamente, judaico-cristãos.
Quer queira, quer se desgoste ou se duvide ou ainda se fale mal, mas indiscutivelmente a base do pensamento educacional brasileiro provém do Pentateuco, no tocante à religião hebraica, e dos demais 66 livros selecionados e que constituem a Bíblia dos cristãos. Destes livros, e para compreender um dos motivos do baixo desempenho acadêmico-escolar, destacaremos abaixo apenas algumas poucas ideias à história da educação brasileira, e que desde o nascimento do país, em 1500, constituíram diretrizes de suas ações. Hoje, e tentando ainda compreender a reviravolta que aconteceu no Brasil depois destes últimos 30-40 anos, e o mau resultado geral donde o Brasil participa, respeitando-se as exceções, onde a São Marcos se permite estar incluída, é possível reencontrar o caminho do nosso afastamento.
Para tanto, e para compreender onde estávamos e para onde necessitamos nos dirigir, construímos este artigo, minimamente extenso, e dividido em três partes, para compreender onde se deixou de acertar à luz e comparação do pensamento cristão, quando cinco aspectos imediatamente se destacam. Mesmo que polêmicos, pelos argumentos antagônicos que suscitam, falaremos sobre o politicamente correto, a decoreba, a terceirização da educação, as aulas de ensino religioso e a palmada, cujos assuntos segundo nosso ponto de vista impactam diretamente na qualidade educacional, sua queda ou redenção.
Iniciamos, então, pelo ‘’politicamente correto’’.
01 – “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’’ – João 8.32.
Como dito acima, e mesmo que da citação os políticos-partidários situacionistas gostem e os oposicionistas critiquem, limpidez e a clareza são a mais puras das verdades. A verdade deve ser dita, a verdade deve ser ensinada, a verdade deve ser praticada. E a cristandade, se viva está, foi por ela, pela Verdade, que praticou nestes longos séculos, até os dias de hoje.
Contudo, tivemos de conviver por muitos anos com situações onde se confrontavam estas puras verdades com o conceito do ‘’politicamente correto’’. Foi-nos ensinado nestas últimas décadas a respeitar suscetibilidades, diferenças e pontos de vista contrários, de tal forma que o correto e o conhecido, como ensinado pelos nossos pais, fosse o errado, cafona. Algumas questões que eram verdadeiras se polemizaram pela interpretação equivocada do conceito, razão pela qual muitos diretores e professores foram intimados no judiciário, nos conselhos tutelares e até na polícia para explicações. Intimados! De um colega diretor ouvimos que ”a educação estava virando caso de polícia!” O óbvio tinha deixado de ser óbvio, e os educadores se esgueiravam, acuados, porque falar ‘’isto ou aquilo’’ poderia ser motivo de questionamento (as reclamatórias das pequenas causas se multiplicaram nos fóruns), quando o extremo cuidado para as palavras escritas, antes de serem tornadas públicas, eram meticulosamente escolhidas, para deixar de ferir ‘’suscetibilidades’’. Não era bom, politicamente, questionar praxes novas, esdrúxulas, pois tudo deveria ser respeitado, mesmo que fosse um homem nu sendo acariciado por uma criança no Museu de Arte Moderna, em São Paulo! Ensino da pedofilia? Capaz! É performance! Por outro, o que foi aquilo, ali no Santander Cultural, em Porto Alegre, a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira, em setembro de 2017? Como foi fácil blasfemar contra os símbolos católicos e difundir a pedofilia e zoofilia?
Quando a verdade é obscurecida, deixando de ser luz (pois esclarece o que se pretende dizer, bem como traz uma orientação na escuridão da vida) ou é deixada de ser um comentário frequente das pessoas, o assunto então resvala para o esquecimento, e a consequência desta causa é o aparecimento de outra verdade. Contudo, os novos tempos, com a liberdade de expressão possibilitada pelas mídias alternativas e sociais e que promoveu o questionamento individual de cada pessoa ao que se apresentava, livre do pensamento já pré-condicionado imposto pelas mídias tradicionais, possibilitou revisitar as antigas e consolidadas na sociedade brasileira. Graças a Deus! (veja que um tempo atrás somente se recebia informações destas mídias tradicionais, e por isso as informações eram unilaterais; hoje, elas continuam, mas o contraponto existe, razão de poder questionar, discordar, combater). E por isso, hoje, falar das verdades consolidadas, sem a preocupação de retaliação, pode-se então permitir sonhar e acreditar no gradual retorno à qualidade educacional.
Nos próximos dois artigos, e aproveitando a ideia deste último parágrafo, trataremos sobre os temas politicamente incorretos da decoreba e a terceirização da educação, também sobre as aulas de religião e finalmente, sobre a palmada.
Luiz Pfluck – diretor e professor