Existe uma piada conhecida e de gosto muito duvidoso, e que nos incomoda sempre que a temos de ouvir, pois não fala bem de nós, os brasileiros. E novamente agora nos aborrece a falar dela, mas se for melhor compreendida, vale o sacrifício, pois bem pode ajudar a minimizar o estigma negativo que temos de nós mesmos, bem como daqueles que nos atribuem a pecha.
O relato da história, é mais ou menos a seguinte: muito tempo depois da criação do mundo, vieram os americanos a questionar Deus porque tinham de levar uma vida sofrida, com seus jovens sendo levados para tudo que é guerra; os japoneses, que deviam sofrer com tufões e terremotos; os russos, devendo passar frio; os chineses, devendo trabalhar muito e ganhar miseravelmente pouco, … E por último, e porque os brasileiros ficaram quietos, não reclamarando, perguntaram para Deus o motivo, quando lhes devolveu: ‘É verdade, lá não tem problemas, mas olhe o povinho que mora lá!’’
Esta pilhéria de mau gosto, é um acinte, um menosprezo para todos nós que trabalhamos e realmente nos esforçamos para manter o pão-nosso-de-cada dia, e que laboriosamente ainda mantemos este país de pé. E se permanecermos em silêncio, nos auto-sabotamos, concordando com aquilo que ouvimos, e nos atribuem. E não concordando com esta piada, escrevemos estas linhas para incentivar a outros a se levantarem para combater o deboche, oferecendo argumentos para substituir o conceito que nos querem impingir, bem como desde já preparando um país melhor para nós, nossos filhos e gerações futuras. Traremos algumas razões (e respostas) àqueles que nos corneteiam, quando dizem que ‘’o brasileiro é bonzinho’’, de que gosta de carnaval e futebol, do ‘’jeitinho’’, do complexo vira-lata e outros atributos menores, pois não retrata a maioria do povo brasileiro, muito menos aqueles que leem este texto.
A primeira resposta à gozação, se responde dizendo que o brasileiro é gente, um ser humano e, como qualquer um, merece respeito. Por outro, se existe este conceito, é porque foi induzido a pensar e agir assim, mas que, em traços gerais, se houvesse outra possibilidade diferente, jamais agiria ou pensaria semelhantemente: seria um povo trabalhador, assim como o japonês. Neste caso, deve-se responder que houve no passado, e que ainda há no presente, forças maiores que querem deixar o povo brasileiro nesta condição de afronta. O povo é, pois, vítima de um sistema perverso, não tendo recebido outra oportunidade para poder sair desta difícil condição. E exemplos de má e mal educação, dentre tantas que se pode relacionar e que hoje nos deturpam, são as afamadas telenovelas, que com refinada técnica de persuasão induzem as pessoas a pensar e agir que traição entre casais não é algo assim tão feio; que ‘’passar a perna’’ no patrão, ou ainda tornar iguais patrão e empregada doméstica, é coisa mais natural no mundo; que a sexualidade precoce nas crianças e adolescentes é algo perfeitamente moderno e aceitável; que todo o líder e governante é corrompido, etc, etc. Desta forma somos ensinados a pensar erradamente todos os dias, bem como ver e ouvir coisas fúteis de forma maciça, abarcadora, como se fosse uma grande onda encobrindo todos os brasileiros a pensar em coisas ocas, defeituosas. E quem quiser comprovar, faça simples testes: com uma caneta e bloco na mão, em qualquer canal de televisão, anote o precioso tempo que se perde todo o dia ao ouvir informações sobre o tempo (se vai chover, se vai fazer calor, sobre a umidade, sobre a chuva que cairá na Amazônia, etc, etc). Mais outro: registre, de manhã cedo até ao adormecer, o tempo em que se assiste mensagens violentas, tanto na televisão aberta, quanto em canais pay-per-view. Se permita auto-controlar, e anotar quanto tempo se gasta (e gastar é muito diferente de investir) em zapear informações sobre pessoas, nas redes sociais, e o que elas fazem. A conclusão a que se chega, disso tudo, não é boa de se perceber.
Somos um povo pacífico, e isto é uma grande virtude, e isto não quer dizer que somos inocentes ou estúpidos. Não temos guerras, e não fazemos guerras; temos muitos vizinhos e nos relacionamos muito bem com os países de matriz hispânica: compare agora a Europa sempre em atrito, ou a Ásia, ou mesmo os EUA com o México ou com todos os países onde declara guerra. Aqui recebemos todas as tribos, todas as nações e todas as religiões e vivemos em harmonia; a briga entre raças não existe segundo o que nos querem impingir ou igualar em relação aos EUA.
Somos o celeiro do mundo, e hoje temos a maior área agricultável do mundo. Temos os dois maiores aquíferos do mundo. Temos grandes reservas de petróleo no pré-sal. Somos um país continental, muito diferente da maioria dos países do mundo. Temos grandes e muitas riquezas minerais ainda não descobertas. O clima é maravilhoso. Não temos terremotos. Temos a maior mata preservada, quando a maioria dos países já destruiu a sua. Não temos ciclones. Temos um dos maiores parques de exploração turística no mundo. Por isso, nos respeitem!
E para concluir, falamos antes do conceito de vira-lata que se tem dos brasileiros, e entre eles mesmos, os próprios brasileiros. Segundo a Wikipédia, o ‘’complexo de vira-lata é uma expressão criada pelo dramaturgo e escritor brasileiro Nelson Rodrigues, a qual originalmente se referia ao trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a Seleção Brasileira foi derrotada pela Seleção Uruguaia de Futebol na final da Copa do Mundo em pleno Maracanã’’. Este complexo também é o sentimento de inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo, condição que facilita o auto-deboche, dos brasileiros para eles próprios.
E agora, de posse destas informações, e das maravilhosas condições que temos, e se alguém a partir de hoje nos apresentar esta infamante história (do início deste artigo) ou outra semelhante, é possível agora responder à altura. Vai o convite, então, que a nossa parte façamos, cumprindo o dever que nos compete exercer, de cada brasileiro.
Permita-se! Teste-se!
Luiz Pfluck – professor e diretor
Anônimo
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