Renovando quase 50% dos integrantes na Câmara de Deputados e 85% no Senado Federal, além de uma campanha eleitoral à Presidente sem quaisquer precedentes em nossa história, estas três situações foram o acontecimento político mais importante do ano de 2018 que faz pouco concluiu.
Qual poderia ser então, primeiramente, a relação do lixo da rua com a reviravolta eleitoral? Tão logo concluída a 1ª noite do carnaval, acontecido no sambódromo carioca, visualizamos uma foto nas redes sociais da imensidão de lixo deixado nas suas arquibancadas pelos assistentes do espetáculo. Na cidade baixa, em Porto Alegre, depois do tumulto acabado pela polícia de choque da Brigada Militar da pretensa folia noturna carnavalesca lá instalada, o lixo que se viu nas ruas foi uma tristeza só. No final do último feriadão, na tardinha de terça-feira de carnaval, uma chuvarada torrencial acabou por transformar muitas ruas de Alvorada em rios, que receberam a profusão das águas que rolaram da parte alta da cidade: o entupimento de lixo das bocas de lobo, que deveria receber aquele mar de água, além de recusá-lo, ajudou a retirar do subterrâneo a cloaca instalada em praticamente todas as ruas da parte norte da Avenida Getulio Vargas, e para dentro dos pátios das casas.
Insistimos na pergunta: qual a relação entre o lixo jogado na rua com a reviravolta eleitoral, agora se somando a Quaresma?
Antes, porém, de tentar oferecer uma resposta, há de se compreender aquele entendimento em muitos brasileiros, até muito natural, de que a privatização do lucro e a socialização do prejuízo é algo pacífico no Brasil: quantos desavergonhadamente jogam seus descartes nas vias públicas, e o prefeito que resolva limpar a cidade, sem contar que muitos destes mal-educados são os primeiros a questionar qualquer aumento do IPTU para limpar a cidade! Jogar lixo no lixo, isso é conversa!
Um novo tempo se instalou no meio político brasileiro, isto bem sabemos, e sendo este um dos setores mais importantes dos destinos da nação, também naturalmente dever-se-á instalar em toda sociedade brasileira. Se foi à nível macro, também o deverá ser individualmente. Este novo tempo, de renovação, de atualização e de esperança por dias melhores, entendemos que também deve impactar no conceito que temos a respeito de nossos descartes. Assim considerado, o lixo que produzimos terá de ter, de ora em diante, um melhor destino, sem estar jogado nas vias ou espaços públicos, eis que não há mais como combinar uma nova atitude política com uma prática dissociada.
Daí nos vemos iniciando a Quaresma, um período onde o mundo cristão reflete suas ações para que, à luz do sofrimento de Jesus Cristo, possa se encontrar mais tarde melhorado com sua ressurreição na Páscoa, pela prática de novas atitudes, um novo ser apresentado à sociedade, convertido para os novos tempos. Que pois este período de recolhimento seja a oportunidade para repensar o destino de nossos rejeitos, de sorte que ao final dele, na Páscoa, saiamos renovados, assim como aconteceu com o Congresso Nacional.
Anônimo
1