Ansiedade, depressão e suicídio: por que isso afeta os adolescentes?
Você ainda lembra do jogo “Baleia Azul”? Ele fez sucesso entre os adolescentes e deixou “os cabelos de muitos pais em pé”! Para alívio e tranquilidade de todos ele saiu de moda. Ou será que foi a mobilização e conscientização da sociedade e dos jovens que fez com que percebessem o real perigo que corriam ao participar deste jogo?
No ano passado atendi os pais de uma menina de 13 anos que havia cometido suicídio. Casos assim são mais comuns do que se pensa. Enquanto eles cuidavam da lanchonete, como acontecia todas as tardes e noites, a filha adotiva, em casa, mandava mensagens aos mais íntimos falando de seu desejo de morte. Houve aqueles que tentaram persuadi-la do ato, mas foi tudo em vão. Motivos para isso? Segundo os pais não havia, já que se tratava de uma jovem feliz e de liderança. Entre os amigos da escola e das redes sociais, somente o silêncio. A polícia começou a investigar o caso para averiguar eventuais motivos desta tragédia. O meu papel de psicólogo foi ajudar a compreender o ato da jovem e suavizar a dor de todos.
Casos trágicos como este e outros problemas, como a ansiedade, depressão e suicídio, assim como o bullying, a disseminação da violência e o uso drogas se tornaram praticamente rotineiros. Temos muitos adolescentes em tratamento psicológico e psiquiátrico, o que também afeta diretamente o ambiente escolar e o processo de aprendizagem. Temos que prestar mais atenção a tudo isso e, sobretudo, conversar sobre estes problemas. Se você quiser saber sobre as estatísticas e casos, basta acessar a internet. Você ficará assustado. Mas é a realidade.
A adolescência e juventude, fases maravilhosas da vida humana, se tornaram momentos cruciais na formação da personalidade, na eleição de valores e boas práticas, enfim, na formação pessoal. Pais e profissionais da educação precisam desenvolver duas práticas fundamentais: atenção e presença. Normalmente nesta fase não se aceitam imposições e controle, portanto, não vale a pena gastar tempo demasiado com isso. Aprender a olhar, prestar atenção nos sinais e gestos, pequenos e grandes, para fazer uma “leitura” do que acontece é a minha dica pessoal. Pais e educadores normalmente são ótimos nisso, pois desenvolveram esta qualidade e, depois, conhecem de perto os filhos e alunos. Por fim, a presença, que traduzo por proximidade, daquele que caminha junto, ao lado, não impondo ou mandando, mas simplesmente acompanha, orienta, esclarece e convida para uma conversa.
Por fim, eu recomendo: aposte mais no carinho, no afeto, no abraço, no estar junto. Não deixe seu filho só e nem o troque por um salário mais alto no final do mês. Não o deixe abandonado ao celular ou se divertindo sozinho. Divirta-se com ele, gaste seu tempo com ele, enfim, gaste-se com ele até se desgastar.
Apresente ao seu filho as coisas boas da vida e tudo aquilo que ele pode ser e conquistar, mas não deixe também de mostrar a ele as dificuldades da vida, os boletos da luz e água que você tem que pagar, a conta da internet e do cartão de crédito. Ele precisa desenvolver a consciência de que a vida também é esforço, vitórias, alegrias e derrotas. Mostre a realidade da vida, leve-o para o meio daqueles que não tem comida ou casa e, sobretudo, faça com ele gestos de solidariedade. Ajude-o a doar o que tem demais e mostre-lhe o caminho do voluntariado. Quem tem uma vida por enfrentar não pode morrer de preguiça no sofá, muito menos achar que é um deus na terra. Apresente-lhe ideais e sonhe com ele o sonho dele. Isso pode ajudar…
Wilmar Luiz Barth
Professor da PUCRS, Psicólogo e Pai São Marcos
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